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Publicado em: 4 de março de 2020
Categorias: Notícias, Agronegócio
Custos de fretes rodoviários devem ficar acima da inflação
Fonte: Revista Mundo Logístico
O ano de 2019 foi marcado por discussões e turbulências quanto aos custos de fretes rodoviários. O mercado ficou em impasse, diante da espera pelo julgamento sobre a validade da tabela de preços mínimos, que não ocorreu no Supremo Tribunal Federal (STF), e do descontentamento de produtores, tradings e caminhoneiros quanto aos valores praticados.
Já 2020, apesar de começar ainda com clima de incerteza, chega com expectativa de aumento dos valores praticados.
Custos de fretes rodoviários devem subir 5%
A previsão é que os custos de fretes rodoviários subam, em média, pelo menos 5% nos próximos meses, percentual pouco acima da inflação. Em algumas regiões de maior concorrência, as altas poderão superar 10%. E o pico de demanda será em março, e não em janeiro e fevereiro, como foi em 2019. Isso por que os grãos foram semeados nesta safra no período tradicional – e não antecipadamente, como no ciclo 2018/19 -, de forma que a colheita ganhará força a partir de fevereiro na maior parte dos polos, e não coincidirá com o escoamento de açúcar para exportação, o que aconteceu no ano passado, segundo Abner Matheus João, pesquisador da Esalq-Log.
A pesquisa foi feita pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-Log), contratado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para destrinchar os custos dos caminhoneiros e bolar uma tabela de preços mínimos capaz de apaziguar os ânimos na cadeia produtiva.
Variação dos custos de fretes rodoviários
MT - Em Mato Grosso, maior Estado produtor de grãos do país, de Sorriso ao terminal de Rondonópolis o preço médio do frete rodoviário foi de R$ 117,60 a tonelada em janeiro de 2019, caiu para R$ 116,97 no mês seguinte e para R$ 104,52 em março. Em 2020, o cenário traçado pela Esalq-Log indica médias de R$ 105,58 neste mês, R$ 118,26 em fevereiro e R$ 129,53 em março – 10,1% acima de janeiro do ano passado. Em outras rotas importantes para os grãos, o comportamento deverá ser semelhante (ver infográfico abaixo).
PR - No estado, segundo maior produtor de grãos, a variação de preços médios poderá ser maior, de até 12%, porque o plantio da safra foi mais tardia.
“Quando o estado começar a colher soja, não haverá muitos caminhões disponíveis porque eles terão se deslocado para os estados do Centro-Oeste, então as empresas terão que pagar mais caro para ter transporte". Abner Matheus João
De acordo com o pesquisador, todos os valores praticados atualmente no mercado de fretes remuneram os caminhoneiros e estão acima dos indicados pela tabela de preços mínimos em vigor.
“Pelos nossos cálculos, mesmo no período de baixa os motoristas estão recebendo o suficiente para pagar os custos, apesar de o cálculo de lucro ser controverso”.
Uma nova tabela com preços corrigidos está sendo finalizada pela Esalq-Log e deverá ser publicada pela ANTT até 20 de janeiro.
Tabelamento do frete de caminhoneiros
O tabelamento do frete para transporte de cargas foi uma das soluções encontradas pelo governo Temer para acabar com a greve dos caminhoneiros em maio de 2018. Mas, desde então, empresários do setor de transporte criticam o tabelamento e alegam que ele viola o princípio do livre mercado.
A pauta motivou várias ações, e o STF planejava analisá-la em meados de 2019, mas o relator do caso, o ministro Luiz Fux, adiou o julgamento para dar ao governo tempo para negociar uma solução política para o caso. Agora, a previsão é de que o assunto retorne a pauta do plenário no dia 19 de fevereiro.